Barra, 10 de outubro de 2009
Botafogo, 11 de outubro de 2009
Botafogo, 11 de outubro de 2009
A cidade perfilou por duas semanas as insígnias da grande chuva: placas pelo chão, águas turvas debandando morro abaixo, pessoas maldizendo a cidade (não gosto, falam de si mesmas), meias molhadas azuis e cimento, muito cimento imiscuindo-se nas cores.
Alhures, pensei em como haveria de estar a lua atingida por dois foguetes alienígenas. Humpf, pqp, wtf!, mais ou menos isso.
O bom foi seguir por caminhos completamente novos, guiada pelo mapa das poças. De olhos grudados no chão, me via em lugares estranhos, embora os mesmos. Na verdade, nunca haviam sido os mesmos, caramba, eu é que não tinha deixado a ficha cair. Mas a chuva. Mas Heródoto. Mas a lua.
Está bem. Gosto de elipses. Mas não foi isso que quis dizer.
No cinema, a luz se acendeu de repente, tchum, e as garrafas (duas, embrulhadas no melhor papel) brotaram do chão. Ainda siderados pela lanterna mágica, nos entreolhamos perplexos e crentes que sim, era verdade tudo o que estava acontecendo, enquanto ajudávamos as moças do banco da frente a recolher a sua delicatessen. A verdade emergiu de maiô em nossos rios como mergulhadores aflitos. Rimos. O moço da limpeza chegou premente e nos lembrou que talvez fosse a hora de voltar ao domínio da chuva, nós, amigos profundos, ainda que completamente ignorantes de que lugar do rio havíamos emergido.
Depois, é claro, a fala, o diálogo, os espelhos, o mar. Decerto que iríamos repetidamente submergir e emergir, contentes, nos exalando, em círculos.
Satisfeita e grata, deixei-os para trás e tratei de me concentrar em equilibrar meu tênue guarda-chuva rumo a um caminho de pedras viáveis entre poças reluzentes. Ao longo da Riachuelo, descortinou-se chão, reflexos, halos, betume, impermanência.
O que vinha pela frente? Não sei, decerto que não.
Continuo preferindo as pessoas de alguma palavra.
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