Gordon Matta-Clark (esse bonitinho aí de cima) partiu casas condenadas ao meio, comprou terrenos de 25 cm, ofereceu ar "de graça" aos passantes em Wall Street, boicotou a Bienal de São Paulo e pretendeu explodir um pedaço do Muro de Berlim; amigos o demoveram e ele fez uma "peformance" no local da malograda explosão. Isso tudo nos anos 70.
A obra de Gordon Matta-Clark tem um vigor e um ímpeto contagiantes de salvaguarda do coletivo. Foi com esse espírito que eu saí da sua exposição no Paço Imperial, no Rio de Janeiro (de pé até 25 de julho). Homem nenhum é um ilha, você é o que você compartilha, não dá mais pra mercantilizar moradias, privatizar o coletivo, sair no bloco do eu sozinho. Me lembrei do "Zero Dólar", do Cildo Meirelles, dos discursos de Leonardo Boff, da câmera na mão de Glauber Rocha.
Mais do que isso, fiquei com a sensação de que o legado do moço, morto prematuramente aos 36 anos, é esse mesmo: não dá pra continuar assim, mas dá pra mudar tudo.
Algumas obras que destaco:
Em "Fresh air" (1971, em parceria com o videasta Juan Downey), Gordon Matta-Clark oferece oxigênio a passantes em Wall Street. Já lá se vão 35 anos e a sensação de espanto e desconforto são os mesmos. Estamos mercantilizando a natureza...
Uma série de fotos de terrenos demarcados por Gordon, que na verdade eram micro-terrenos que ele comprou junto com um amigo para... [refletirmos sobre a razão da existência das mansões e sobre a mercantilização da utilização da moradia]...
O vídeo de Gordon fazendo a sua perfomance no Muro de Berlim.
"Splitting" (1974), o vídeo de Gordon partindo uma casa condenada ao meio.
Seus cadernos de desenhos.
As fotos com o pai também artista plástico Roberto Matta e o irmão gêmeo (também morto prematuramente aos 33 anos).
Fontes:
Imagem: blog do Programa de Pós-Gradução da Faculdade de Arquiterura e Desenho de Bio-Bio, no Chile (post muito bacana)
Matéria do JB Online, de 06/05/2010
Bravo!, março de 2010, Gordon Matta-Clark, o homem que fatiava prédios
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