Éramos ainda bem pequenos, eu e meus irmãos, e ele já tinha esse jeito paciente, complacente, calmo.
"Jogava" conosco decerto para dar um refresco à nossa mãe; não é que realmente gostasse de jogar. Hoje até anda meio fanático (como torcedor), mas isso é uma outra história.
Fosse qual fosse o jogo, a frase com que punha fim à partida invariavelmente era: - "Perdi!".
O tom, que só vim a entender um pouquinho depois (mas ainda bem criança), era divertido e leve. Ele parecia contente por ter perdido. E estava. O recado, que não, não aprendi de primeira, nem de segunda, era: isso não é o importante.
Pirralha eu me comprazia com o feito. Tinha ganhado do meu pai! Devia ser muito boa naquilo.
Já um pouco mais tarde me caiu a ficha que ele fazia aquilo tudo de caso (bem) pensado (e por pura generosidade e didatismo): ele nos deixava ganhar todas as vezes. Fácil fácil tornei-me sua "cúmplice" no divertido "jogo" de "dar a vitória" aos menorzinhos.
Ah, pai, e não é que é verdade mesmo? Isso não é o importante. Ganhei isso de você, obrigada!
Vou te contar um segredo: tenho ganhado muito por ter perdido.
"Porque todo aquele que conserva a sua vida para si mesmo, vai perdê-la; e todo aquele que perder a sua vida por Mim, vai achá-la novamente". Mateus, 16
3 comments:
Que bonita essa atitude do seu pai! Certamente fortaleceu o relacionamento entre vocês e ajudou a construir a auto-estima dos filhos. Fiquei encantada! Um beijo,
s.
Obrigada Stella amiga. beijos.
"We cry out for what we have lost, and we remember You again." ~Leonard Cohen
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