Monday 30 March 2009

E a vaca não foi para o brejo

Vaca percorre quase 100 km para escapar do abate

A Vaca Safa aqui no good newsUma vaca percorreu quase 100 quilômetros em nove meses para escapar do abate. Ela fugiu de seu proprietário (!?) quando estava sendo descarregada em um mercado em Thirsk, no Reino Unido.

Apelidada de a "Besta de Ealand", a vaquinha foi comprada por Sue McAuley e Tracey Jaine, que pagaram 500 libras (cerca de R$ 1.625) para salvá-la do abate e a transportaram para um santuário de animais em Frettenham, no Reino Unido.

Vaquinha safa essa, hein?

Fontes: Daily Mail, G1 e um amigo que viu a notícia no Twitter

PS - Só não entendi uma coisa. A notícia saiu na seção "Planeta Bizarro" do G1! Não sei, não, viu? Bizarro seria a vaquinha perceber que ia ser abatida e não ter fugido. Nesse caso, não haveria espaço no servidor do G1 para tantas notícias bizarras. Seriam centenas, milhares, milhões de vaquinhas sendo abatidas diariamente sem fugir. Ou será que o bizarro se refere ao fôlego da vaquinha? Mas isso é bizarro? Sei lá. Bizarro, não?

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A runaway Highland cow spent nine months in hiding to avoid the slaughterhouse

Floss emerged only at night to feed under cover of darkness and ventured 60 miles from her home field to avoid detection.

Now she has been saved permanently from the abattoir by animal lovers Sue McAuley and Tracey Jaine who bought her for £500 and transported her to a sanctuary.

Source: Telegraph

Sunday 29 March 2009

One year in 40 seconds



This is an intringuing and inspiring video by Eirik Solheim.

You can learn how the video was made and get links to download the HD-version and all the images on http://eirikso.com/. Images snapped at the same spot through one year, showing the seasons change. The audio is actual recordings from the same spot.

The images are from Oslo, Norway 2008.

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Um ano em 40 segundos

Saiba como esse interessante vídeo sobre passagem do tempo e impermanência foi criado por Eirik Solheim, que compartilha o passo-a-passo da sua edição em seu site http://eirikso.com/.

As "locações" são em Oslo, na Noruega.

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Arrow of time ~ Linha do tempo

El tiempo pasa aqui en good news tambien

See links about families photographing themselves through time:

Family Diego Goldberg, Argentina, since 1996 till 2008

Family Rubinstein, Argentina, from 1983 till 2008

Family Raj Nair, from 1966 till 2008

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Everything flows, nothing stands still.
Quoted by Plato in Cratylus, and by Diogenes Laertius in Lives of the Philosophers Book IX, section 8
Variant translations:Everything flows and nothing stays.Everything flows and nothing abides.Everything gives way and nothing stays fixed.Everything flows; nothing remains.All is flux, nothing is stationary.All is flux, nothing stays still.

Nothing endures but change.
From Lives of the Philosophers by Diogenes Laertius

You could not step twice into the same river; for other waters are ever flowing on to you. Heraclitus

Saturday 28 March 2009

Hora do planeta 2009, mais luz!

O good news deseja luz para o planetaAmigos, eu apóio o objetivo da campanha Hora do Planeta promovida pela Rede WWF, que pretende estimular a adoção de ações de combate às mudanças climáticas.

Já não é de hoje, né? Precisamos modificar significativamente nossas atitudes em relação à natureza.

A proposta é, em um ato simbólico, que será realizado hoje dia 28 de março, às 20h30, apagar as luzes para demonstrar a nossa preocupação com o aquecimento global.

Como eu ia dizendo, concordo com o objetivo, mas não com a forma. Este ato simbólico vai economizar energia, vai chamar a atenção para a causa das mudanças climáticas, mas vai apagar as luzes (simbólicas) do planeta e vai trazer escuridão.

Em termos de simbolismo, acredito que estamos precisando de luz, não de escuridão. Então, deixo aqui o meu recadinho, apóio a Hora do Planeta, mas, em um ato simbólico, prefiro manter a luz bem acesa.

Vou acender uma vela (pode ser simbólica) e fazer uma oração. Vou continuar economizando água e luz, amando as plantas e os animais, mas não vou participar desse breu simbólico, ainda que muito bem intencionado.

Boa Hora do Planeta para todos, seja como ela for para cada um!

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"Onde houver trevas, que eu leve a luz!"
São Francisco de Assis

"Vós sois a luz do Mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e ilumina todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos Céus."
Mateus, 5:14-16

No amanhecer de 22 de março de 1832, o criado de Goethe entrou em seu quarto e o escritor, aos 83 anos lhe fez um pedido: “Abra a janela do quarto, para que entre mais luz”. Foram suas últimas palavras.

"Tudo é revelado ao ser exposto à luz, e o que for exposto à própria luz se torna luz."
São Paulo

"A luz é para todos; as escuridões é que são apartadas e diversas."
Guimarães Rosa em "A benfazeja"

Se há luz no fim do túnel, para quê apagá-la?

Thursday 26 March 2009

Happy-go-lucky (Simplesmente feliz)

Sally-Hawkins-Simplesmente-feliz-aqui-no-good-newsEstréia nessa sexta-feira dia 27 no Rio, o excelente filme Simplesmente Feliz (Happy-go-lucky), de Mike Leigh. Se você é um cinéfilo bem-humorado, não perca!

Também gostei muito da crítica da Neusa Barbosa do Cineweb.

Minha crítica de Happy-go-lucky no MovieMoz

Filmaço. Não é apenas o Mike Leigh craque e humanista de sempre. Para além do humanismo, o craque capricha nas tintas solares, luminosas. A personagem Poppy (alter-ego de Leigh? em perfeita tradução da atriz Sally Hawkins) nos convida a olhar para o mundo não apenas pelo lado positivo, mas também a interagir positivamente com aqueles que têm uma percepção bem mais sombria de tudo, e que por isso, talvez, em um efeito cascata, se fecham e afastam justamente as pessoas que gostariam de ver mais próximas. Poppy não tem medo (ou quase nenhum) dessas pessoas, ao contrário, com o seu coração aberto e livre de preconceitos chega tão perto dos que estão realmente sozinhos e alijados da sociedade, que atinge aquele ponto em que é possível, sim, levar alívio e alento aos outros.

Nessa prática bem-humorada da compaixão, é pura mágica vê-la não se deixar contaminar em nenhum momento por essas vibes que lhe são estranhas. Poppy jamais desiste ou se abate. Jamais perde o humor, o timing ou a piada. E sai-se bem, muito bem em seu propósito.
No filme, ri-se muito. Um pequeno exemplo. Quando a irmã careta de Poppy se espanta com o fato de que ela não tratou "ainda" de arrumar uma previdência privada para si (entre outros requisitos...), ela simplesmente pergunta, ah, e vocês (ela e o marido jovens) têm? Sim, eles respondem. No que Poppy emenda. E onde vocês estão guardando os andadores?
Leigh dá o seu recado. Sem meias palavras, pra frente é que se anda.
Fontes
Imagem da atriz Sally Hawkins no Facebook

Wednesday 25 March 2009

Gosto de oxímoros, eu

Ao longo dos anos (mas começou de repente), achei que havia criado um laço, desses em que as raízes se misturam à terra que as abriga; a terra à água que é seiva; a água ao ar que respiramos, transmutado, e este por sua vez, quase um rei alquímico, ao éter, em oblação.

Tendo, como muitos humanos e animais (!) também o fazem, a projetar quem e o que eu sou nos outros. Desde o que imodestamente possa julgar como uma grande generosidade ou um teimoso e irredutível estoicismo, até um simples e despretensioso vício de repetir um erro indesejado, apenas porque isso me é familiar. (Gosto de oxímoros, tautologias, palíndromos e da Wikipédia; enfim, o que é, é; e assim tem sido).

Aqui e agora me permito voltar um pouco às minhas origens barrocas e abro um descarado e retrospectivo parênteses. Seria o caráter esponjoso da memória celular me abraçando com os seus tentáculos de marfim ou meu insuspeitado apreço por pinçar arquétipos de gregarismo?

Ora, sei lá!

O que sei, e é alvissareiro que a essas alturas eu esteja tão feliz com tão pouco (corrijo-me a tempo e agora, que esteja tão feliz por saber finalmente (!) que o pouco não existe), e que por ter-me projetado com tanto afinco e fervor nesse outro, julguei erradamente ter criado um laço.

Os fatos trataram, com a mansidão e a desfaçatez que lhes são próprios e peculiares, de me chamar à real. Levei uma surra, bambeei, vi-me quase ao rés-do-chão. Os fatos me sacudiram e me chacoalharam, bem forte, para que eu pudesse chorar, e dali, renascida, voltar para a minha casa de sempre (gosto de oxímoros, eu), onde exerço com maestria e naturalidade as minhas disposições luminares.

O que se deu, se deu primeiro de mansinho. A desfaçatez se apresentou depois, de chofre, porque já não havia véus que cobrissem tantos indícios. Umas poucas palavras não ditas aqui, confidências que naturalmente seriam trocadas e não o foram ali, omissões aparentes, um não reconhecimento flagrante de quem eu sou, ou quem sabe, uma impossibilidade dissimulada de ignorância de saber quem eu sou à vera, indiferença, deslizes, incompatibilidade, desnivelamento, ora, tanto e repetidamente, e eu lá ainda firme a apontar estrelas, apostando nos poderes que desanuviam, que criam, que crêem, que unem e juntam as almas supostamente afins. Já disse. Gosto de oxímoros, eu.

Deixei que os fatos me dessem o seu recado bem dado: arreda-te, toma outro rumo, pica a tua mula!

O laço não tinha os poderes que cegamente lhe atribui.

A verdade é que não havia sequer laço. Não é mesmo?

Não há dor (você se lembra dessa frase?). O que é, é. Estou grande e feliz. Sorrio orgulhosa diante desta página virada com serenidade e exatidão.

A janela está aberta, bem como a porta principal. O vento não hesita em arrancar as fracas folhas das árvores outonais.

Voltei à minha casa.
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PS (31/03/2009) - Exemplo de um belo oxímoro que encontrei em um blog. Irresistível não fazer esse adendo.

"Escola Superior de Guerra é um oxímoro, na opinião de Millôr Fernandes. Segundo ele, sendo de guerra não poderia ser superior."

Então não é?

Sunday 22 March 2009

Search for meaning, Viktor Frankl




Moral da história: aprenda a voar e espere sempre o melhor das pessoas!

E quem disse isso?

Viktor Emil Frankl (1905-1997), psiquiatra e psicólogo austríaco, criou um método de tratamento psicológico que denominou logoterapia, uma das dissidências da psicanálise freudiana surgida em Viena e uma das muitas teorias sobre motivação básica do comportamento humano.
Frankl pertencia à corrente judaica socialista marxista, justamente a classe de judeus mais odiada por Hitler.

Passou por quatro campos de concentração entre 1942 e 1945.

Durante os anos de cativeiro Frankl teve a sustentá-lo seu grande interesse pelo comportamento humano e concluiu depois que esse interesse o havia salvo e que aqueles companheiros de prisão que tinham uma esperança e davam um significado a suas vidas predominavam entre os sobreviventes da selvageria e da fome a que todos haviam sido submetidos.

A liberdade do homem escolher seu próprio destino e o caminho a seguir, em qualquer circunstância deve ser respeitada. De acordo com a logoterapia (Logos definido como "significado"), o desejo de encontrar um significado para sua vida é a motivação fundamental no ser humano, uma fundamentação diferente do princípio do prazer proposto por Freud na psicanálise. Para Frankl, a principal preocupação do homem é estabelecer e perseguir um objetivo, e é esta busca que é capaz de dar sentido à sua vida, fazendo para ele valer a pena viver, e não a satisfação de seus instintos e o alívio de tensões como sustenta a psicanálise ortodoxa.

Frankl teorizou que o indivíduo pode encontrar um sentido para sua vida por três vias: (1) criando um trabalho ou realizando um feito notável, ou ao sentir-se responsável por terminar um trabalho que depende fundamentalmente de seus conhecimentos ou de sua ação, (2) experimentando um valor, algo novo, ou estabelecendo um novo relacionamento pessoal. Este é também o caso de uma pessoa que está consciente da responsabilidade que tem em relação a alguém que a ama e espera por ela"; e (3) pelo sofrimento, adotando uma atitude em relação a um sofrimento inevitável, se tem consciência de que a vida ainda espera muito de sua contribuição para com os demais. Nestes três casos, a resposta do indivíduo então deixa de ser a perda de tempo em conversas e meditação, e se torna a ação correta e a conduta moral objetiva.

Fontes: Cobra Pages e You Tube

Viktor Frankl esperando o melhor aqui no good news "There is nothing in the world, I venture to say, that would so effectively help one survive even the worst conditions as the knowledge that there is meaning in one´s life."

"Para ajudar alguém a sobreviver às piores condições possíveis, não há nada mais eficaz, eu arriscaria dizer, do que a consciência de que existe um sentido na vida para essa pessoa."

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Anonymous review of Viktor Frankl´s book "Man's Search for Meaning: An Introduction to Logotherapy", 1984, on Barnes & Noble website.

Both touching and helpful!
Posted July 16, 2004, 8:12 AM EST: This book was touching to the point that it was painful to read at times. Yet, the overall message of this book is wonderfully exhilarating. Whatever meaning you find in your life is your life. If that meaning gives you hope, you will have hope. If that meaning gives you despair, you will find despair. This is a fantastic piece of existential work! The whole idea in this book reminds me a bit of the concept of the self-system in Toru Sato's genuis book 'The Ever-Transcending Spirit'.

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A logoterapia de Viktor Frankl

Artigo de Anselmo Borges, Diário de Notícias, 29 de dezembro de 2007

Num tempo em que o mundo é atravessado por enormes perplexidades e as pessoas são assaltadas pela dúvida, pelo desânimo e até pelo niilismo, quereria, no décimo aniversário da sua morte, deixar uma homenagem a um homem que, na situação mais degradada e degradante dos campos de concentração nazis, mostrou como e porquê é possível manter a dignidade. Refiro-me a Viktor Frankl, fundador da chamada terceira corrente de psicoterapia de Viena: a logoterapia.
Ele próprio sintetizou o núcleo do seu pensamento: "O que é, na realidade, o Homem? É o ser que decide o que é. É o ser que inventou câmaras de gás, mas ao mesmo tempo é o ser que entrou nelas com passo firme, murmurando uma oração."

A logoterapia parte de uma concepção filosófica que tem o Homem enquanto pessoa como centro. O impulso primário da pessoa não é, como pensou Freud, a vontade de prazer, também não é a vontade de poder, como queria Adler, mas a vontade de sentido. Este sentido não se inventa, mas descobre-se: numa obra, num amor, numa tarefa a realizar. No fundo, cada um tem de perguntar: o que é que a vida quer de mim? "Em última instância, viver significa assumir a responsabilidade de encontrar a resposta correcta para os problemas que a vida coloca e cumprir as tarefas que ela continuamente aponta a cada pessoa."

O que distingue então Frankl de Freud e de Adler é que enquanto estes reduziam o Homem a um ser que procura a satisfação dos impulsos em ordem ao restabelecimento de um equilíbrio homeostático intrapsíquico, para Frankl, ele não é só um sistema psicológico. É preciso compreendê-lo na sua totalidade: corpórea, psíquica e espiritual. "A realidade humana refere-se sempre a algo para lá de si mesma. Está dirigida para algo que não é ela mesma. Os seres humanos procuram mais para lá de si mesmos: um sentido no mundo. Procuram encontrar um significado a realizar, uma causa a servir, uma pessoa a quem amar. E só assim os seres humanos se comportam como verdadeiramente humanos."

No indescritível sofrimento dos campos de concentração -- ele, que perdeu lá a mulher, o pai e a mãe, era o prisioneiro número 119 104 --, aprofundou a importância que têm as ideias para a forma de viver. Pôde constatar que, se eram as pessoas com vida interior e intelectual mais intensa que sofriam mais, também eram elas que tinham maior capacidade de resistir. Aí, percebeu que "quem tem algo por que viver é capaz de suportar qualquer como". Por isso, referia aos companheiros de desgraça "as muitas oportunidades existentes para dar um sentido à vida. Este infinito significado da vida compreende também o sofrimento e a agonia, as privações e a morte. Assegurei-lhes que nas horas difíceis havia sempre alguém que nos observava - um amigo, uma esposa, alguém que estivesse vivo ou morto ou um Deus - e que de certeza não queria que o decepcionássemos."

Frankl constatou que os prisioneiros que perdiam a fé e a esperança no futuro punham em risco a saúde e a própria sobrevivência. Mas também viu que há o que ninguém pode tirar ao Homem, mesmo num campo de concentração: "a última das liberdades humanas - a escolha da atitude pessoal perante um conjunto de circunstâncias - para decidir o seu próprio caminho." Mesmo "essa tríade trágica na qual se incluem a dor, a culpa e a morte, pode chegar a transformar-se em algo positivo, quando se enfrenta com a postura e a atitude correctas."

Quando as pessoas não encontram sentido, surgem as neuroses que chamou noógenas: não provêm de conflitos instintivos ou inconscientes, mas da falta de sentido e atingem o núcleo mais íntimo da pessoa. A logoterapia é precisamente terapia de encontro de sentido: ajuda cada um a descobrir o sentido pessoal da sua vida a realizar.

Na busca de sentido último, o Homem, inconscientemente, procura Deus - O Deus Inconsciente é o título de uma das suas obras.

No nosso tempo, já não é o sexo que é reprimido, mas o que é espiritual e religioso. Daí, a falta de sentido, de orientação, e, consequentemente, o tédio e o vazio.

Oração do Agradecimento



Oração do Agradecimento

Divaldo Franco e Amália Rodrigues

Agradecemos-te Senhor, pela glória de viver

pela honra de amar!

Muito obrigada Senhor, pelo que me deste, pelo que me dás!

Muito obrigada pelo pão, pelo ar, pela paz!

Muito obrigada pela beleza que meus olhos vêem

No altar da natureza!

Olhos que fitam o céu, a terra e o mar.

que acompanham a ave fagueira que corre ligeira pelo céu de anil,

E se detém na terra verde salpicada de flores

em tonalidades mil!

Muito obrigada Senhor porque eu posso ver o meu amor!

Diante de minha visão, pelos cegos, formulo uma oração.

Eu sei que despois desta lida, na outra vida,

Eles também enxergarão!

Obrigada pelos meus ouvidos que me foram dados por Deus.

Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro,

A melodia do vento nos ramos do salgueiro,

As lágrimas que choram os olhos do mundo inteiro.

Diante da minha capacidade de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir;

Eu sei que depois desta dor, no teu reino de amor,

também ouvirão

Senhor pela minha voz

Mas também pela voz que canta, que ensina, que alfabetiza;

que canta uma canção e teu nome profere com sentida emoção!

Diante da minha melodia quero te rogar pelos que sofrem

Pelos que sofrem de afasia, pelos que não cantam de noite

e não falam de dia.

Eu sei que depois desta dor, no teu reino de amor,

Eles também cantarão!

Muito obrigada Senhor, pelas minhas mãos!

Mas também pelas mãos que oram, que semeiam, que agasalham.

Mãos de amor, mãos de caridade e solidariedade.

Mãos que apertam as mãos. Mãos de poesia,

de cirurgia, de sintonia, de sinfonia, de psicografias...

Mãos que que acalentam a velhice, a dor e o desamor!

Mãos que acolhem ao seio do corpo, um filho alheio, sem receio.

Pelos meus pés, que me levam a andar sem reclamar.

Muito obrigada Senhor, porque posso bailar!

Olho para a terra e vejo amputados,

marcados, desesperados, paralisados...

Eu posso andar! Oro por eles.

E eu sei que depois dessa expiação,

Na outra reencarnação, eles também bailarão.

Muito obrigada Senhor, pelo meu lar!

É tão maravilhoso ter um lar...

Não importa se este lar é uma mansão,

uma tapera, uma favela, um ninho, um bangalô,

ou seja lá o que for.

Importante é que dentro dele exista amor.

O amor de pai, de mãe, de marido e esposa,

de filho, de irmão...

de alguém que lhe estenda a mão,

mesmo que seja o amor de um cão,

pois é tão triste viver na solidão!


Mas se não tiver ninguém para amar, um teto pra me acolher,

Uma cama para me deitar…mesmo assim, não reclamarei,

Nem blasfemarei. Simplesmente direir:

Obrigada Senhor, porque nasci.

Obrigada Senhor, porque creio em Ti

Pelo teu amor, obrigada Senhor!

Fontes:

Texto

Gostou?

Você pode assistir aos programas do Divaldo Franco na web.

http://www.tvcei.com/vd/home/player.php?canal=7

Mais sobre Divaldo Franco:

http://www.mansaodocaminho.com.br/

http://www.divaldofranco.com/

Os links acima são dicas gentis do blog da Lazully

Wednesday 18 March 2009

Frases da internet

Compartilhando aqui no good news, de Isabella Lychowski

"Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras."
Declaração Universal dos Dirteito Humanos - Artigo 19

The Internet is the first opportunity to apply Article 19 of the Universal Declaration of Human Rights that "anyone has the rigth to seek, receive and impart information and ideas through any media regardless of frontiers."

"Assim como John Kennedy percebeu a importância da televisão e tirou partido do novo meio, Obama joga seu jogo comunicando-se com o mundo anárquico e socialmente nivelado da internet."
Elio Gaspari, O Globo, 18/03/2009, pg 7

"Você é o que você compartilha"

"No passado você era o que você tinha. Agora você é o que você compartilha."

"É como construir um ninho de passarinho, onde cada um deixa seu pedaço."
Charles Leadbeater

"Entenda-se por interação algo totalmente distinto de controle. Controlar é a tentativa de fazer pender para o domínio da vontade pessoal, enquanto interagir é entregar o mando à outra vontade que não a sua. (...) Em vez de nos ameaçar ou fazer com que nos percamos, a interação traz o encontro até nós."
"Tirando os Sapatos", de Nilton Bonder, pag 46.

"Eu sou um outro."
Arthur Rimbaud

"O que é meu também é seu."
Dito popular

"A principal razão da popularização dos padrões de internet (web standards) foram os mecanismos de busca, mais especificamente o Google e a corrida de ouro que se tornou o SEO (Search Engine Optimization). Um site com melhor semântica de HTML ganha pontos nos primeiros resultados de busca."

"A web é uma rede mundial de gente."
Bob Wollhein

"WWW x WWD
Primeira onda: encher a rede de conteúdo, grandes portais.
Segunda onda: democratizar."
Gil Giardelli

Fontes:
http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm#19
http://www.un.org/Overview/rights.html#a19
http://releitura.files.wordpress.com/2007/09/internet.jpg
http://isabellalychowski.blogspot.com/2009/03/voce-e-o-que-voce-compartilha.html
http://revolucao.etc.br/archives/web-standards-e-agora-jose/
http://gilgiardelli.wordpress.com/2008/07/04/patchwork-digital/

Monday 16 March 2009

O poder do agora

Mafalda também é filosofia aqui no good news"Onde quer que você esteja, esteja lá por inteiro. Se você acha insuportável o seu aqui e agora e isso lhe faz infeliz, há três opções: abandone a situação, mude-a ou aceite-a totalmente. Se você deseja ter responsabilidade sobre a sua vida, deve escolher uma dessas opções e deve fazê-lo agora. Depois, arque com as conseqüências. Sem desculpas. Sem negatividade."

"Imagine a Terra sem a vida humana, habitada apenas por plantas e animais. Será que ainda haveria passado e futuro? Será que as perguntas “que horas são?” ou “que dia é hoje?” teriam algum sentido para um carvalho ou uma águia? Acho que eles ficariam intrigados e responderiam: “Claro que é agora. A hora é agora. O que mais existe?”

"O futuro é um Agora imaginado, uma projeção da mente. Quando o futuro acontece, acontece como sendo o Agora. Quando pensamos sobre o futuro, fazemos isso no Agora. Obviamente o passado e o futuro não têm realidade própria."

Eckhart Tolle em “O Poder do Agora” e auxílio luxuoso da blogosfera.

Dedico este post a uma grande amiga que hoje serenamente partiu para um outro plano. Da sua terceira margem do rio, de onde agora nos vê e nos vela - sempre sábia, forte, alegre, ó tão querida amiga, que sinta e saiba o quanto lhe sou grata pela sua passagem por este agora, pela sua paz e pelo seu amor eternos.

Friday 13 March 2009

Você é o que você compartilha



Video about "We Think", a book by Charles Leadbeater, which explores the potential of the latest developments of the internet.

Transcrição do vídeo "We-Think" ("Nós pensamos"), sobre o livro de Charles Leadbeater, que explora o potencial das últimas inovações da internet. Aonde eu vi: no blog do Gil Giardelli.

Bem-vindo ao mundo "WE THINK" (nós pensamos)
A audiência está subindo ao palco...
A audiência está invadindo o palco
Graças à rede milhões de pessoas podem ter a SUA FALA
Informação está em qualquer lugar: websites, blogs, videos, wikis
... o que é bem confuso
Todo mundo está falando ao mesmo tempo
Mas idéias ganham vida quando são compartilhadas...
A web fica realmente criativa quando pessoas juntam suas idéias...
... e começam a ser realmente criativas
Pois novas idéias geralmente surgem através de conversas
... e a rede é uma massa de conversas
... É por isso que a web está criando INOVAÇÃO EM MASSA
O século XX = Produção em MASSA para consumo em MASSA
(fábricas, carros, TVs, geladeiras...)
O século XXI = Inovação em MASSA
Mais IDÉIAS sendo compartilhadas por mais pessoas, como nunca antes
Os primeiros sinais do que é possível são...
"Wikipedia" e "Linux", "Slashdot" e "oh my news", "Second Life" e "World of Warcraft"
Milhões de pessoas criando jogos, mundos, conhecimento, informação, software...
Velhas corporações têm o formato errado para isso
Elas se pareciam com isso:
Pirâmides
Inovação em massa vem de comunidades...
... que se paracem mais com isso:
É como construir um ninho de passarinho
... onde cada um deixa seu pedaço
E por que as pessoas são atraídas para essas comunidades?
Não para ficarem ricas...
Elas querem socializar e obter reconhecimento pelo trabalho que fazem
O lema da geração que está crescendo com a web é ...
NÓS PENSAMOS, PORTANTO NÓS SOMOS
Isso deve ser bom para
Democracia, pois mais pessoas terão voz
Igualdade, pois conhecimento pode ser libertado para ajudar pessoas que precisam, mas não podem pagar...
Liberdade, pois mais pessoas saberão como é ser criativo
Isso soa como utopia...
... e tem muito a ser trabalhado
Como protegemos o que é privado?
Estamos sempre seguros compartilhando?
E se a Wikipedia for um lixo?
Como nos sutentamos quando todo mundo está compartilhando livremente suas idéias...
No passado você era o que você TINHA
Agora você é o que você COMPARTILHA...
O que você pensa?
Deixe um comentário abaixo...
E descubra mais sobre "We Think", visite
www.charlesleadbeater.net

Saturday 7 March 2009

O travesseiro no telhado | Feathers

Em se plantando tudo dá, aqui também no good news, de Isabella Lychowski Imagem: Telhado

Segundo sermão do Padre Flynn no ótimo filme "Dúvida", de John Patrick Shanley

Uma mulher estava fazendo fofoca com uma amiga sobre um homem que ela mal conhecia.

Sei que nenhum de vocês jamais fez isso...
Naquela noite, ela sonhou que uma mão enorme aparecia do nada e ficava apontando para ela, o que a fez sentir um incômodo sentimento de culpa.
No dia seguinte, resolveu se confessar e contou a história toda para o velho Padre O'Rourke.
"Fofoca é um pecado?", perguntou ao velho padre.
"Foi a mão de Deus Todo Poderoso apontando um dedo para mim?"
"Devo implorar pela sua absolvição?"
"Padre, me diga, eu fiz algo errado? "

"Sim!", o Padre O'Rourke respondeu.
"Sim, você levantou falso testemunho contra seu vizinho! Arruinou a sua reputação injustamente e deveria sentir vergonha por isso!"
Então a mulher disse que lamentava muito e pediu perdão.

"Não assim tão rápido!", retrucou o Padre. "Eu quero que você volte para casa, pegue um travesseiro e leve-o até o seu telhado, corte-o, abrindo-o com uma faca, e volte aqui!"

A mulher foi para casa, pegou um travesseiro, uma faca e subiu até o telhado, onde retalhou o seu travesseiro. Depois retornou à paróquia como o Padre a havia instruído.
"Você rasgou o travesseiro com a faca?", diz ele.
"Sim, Padre."
"E qual foi o resultado?"
"Plumas, disse ela."
"Plumas"? Ele repetiu.
"Plumas para todos os lados, Padre!"
"Agora eu quero que volte e reúna todas, uma a uma e as recoloque no travesseiro."
"Bem", disse ela, isso não pode ser feito. Eu não sei aonde elas foram parar. O vento espalhou-as por todos os lados."

"E isso", disse o Padre O'Rourke, "isso é o que faz a fofoca! Uma vez feita, você perde totalmente o controle sobre ela, de onde foi parar, de como se propaga e é impossível trazê-la de volta."
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Summary of Father Flynn´s second sermon on excellent movie Doubt, by John Patrick Shanley
Father Flynn tells a story about an old priest who hears the confession of a woman who admits to gossip. The priest instructs her to take a feather pillow on top of a building and cut it open to release all of the feathers.
Later the priest instructs the woman to go out and gather up all of the released feathers and return them to the pillow.

She replies that it would be impossible because the feathers had gone out to the four corners.

The priest responds by saying that is what gossip does, once gossip is released there is no control over where it goes, how broadly it disperses and how impossible it is to recover.
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Fontes ~ Sources

Transcrição do sermão em português adaptado do blog da Mélica

Thursday 5 March 2009

As profissões dos Papalaguis

Capa do livro O papalagui aqui no good news, de Isabella LychowskiDiscurso de um chefe de tribo, nos mares do Sul, à sua gente,depois de visitar a Europa, no início do século XX.

Todos os Papalaguis (homens brancos) têm uma profissão. É difícil explicar-vos o que isso é. É qualquer coisa que uma pessoa devia ter vontade de fazer, mas que raramente tem. Ter uma profissão significa fazer sempre a mesma coisa, fazer uma coisa tantas vezes que se acaba por fazê-la em esforço e de olhos fechados! Se as minhas mãos só fizessem cabanas ou esteiras, teria como profissão a de construtor de cabanas ou tecelão de esteiras.

Há profissões para os homens e profissões para as mulheres. Lavar a roupa na lagoa e fazer brilhar as canoas para por nos pés, são profissões de mulheres; conduzir uma piroga no mar e caçar pombos na floresta virgem são profissões de homem. A mulher abandona em geral a sua profissão quando se casa, ao passo que o homem é precisamente nessa altura que se consagra a ela. Qualquer alii(chefe de família) só dará a sua filha em casamento a um pretendente que já exerça uma profissão. Um Papalagui sem profissão não pode casar-se. Um Branco tem a obrigação e o dever de ter uma profissão.

É por essa razão que, muito antes das tatuagens da puberdade, todos os rapazes brancos são obrigados a decidir sobre o trabalho que irão fazer para o resto da vida. Chama-se a isso escolher uma profissão. É uma coisa muito importante e na aiga (família) fala-se tanto nisso como no que se deseja comer no dia seguinte. Se o jovem alii escolher como profissão tecer esteiras, um velho alii leva-lo-á a um tecelão de esteiras, ou seja, um homem que consagra todo o seu tempo à tecelagem de esteiras. Este mostra então ao rapaz como se tece uma esteira. Ensina-o a fazer uma esteira sem precisar sequer de olhar para o que está a fazer. Às vezes, o rapaz leva imenso tempo para o conseguir. Quando finalmente o consegue, abandona o mestre e diz-se então que "tem uma profissão"!

Se o Papalagui, mais tarde, se der conta de que prefere construir cabanas a tecer esteiras, dizem: "Enganou-se de profissão!" o que equivale a dizer "Aquele falhou o alvo!". Ora isso é uma coisa grave, pois mudar assim de profissão é contrário à moral. Qualquer honrado Papalagui correrá o risco de perder a sua honra se disser:"Não posso fazer esse trabalho, pois não sinto qualquer satisfação com isso!" ou "Quando faço esse trabalho, as mãos não me obedecem!"

Há, entre os Papalaguis, tantas profissões quantas pedras há na lagoa. O Papalagui faz de cada ato uma profissão. Quando apanha as folhas caídas da árvore do pão, exerce uma profissão. Quando alguém lava as malgas onde a gente come, exerce outra profissão ainda. Desde que se exerça qualquer coisa, quer com as mãos, quer com a cabeça, exerce-se uma profissão. É igualmente profissão ter idéias ou olhar para as estrelas. O Papalagui transforma tudo quanto o homem é capaz de fazer numa profissão.

Quando um Branco diz: "Sou tussi-tussi (escrivão público)", isso é a sua profissão; não faz outra coisa que não seja escrever cartas uma atrás das outras. Não é ele que enrola a sua esteira e aprende numa trave, não é ele que vai à cabana-cozinha cozer um fruto, não é ele também que lavará a sua malga. Come peixes, mas não vai à pesca, come frutos, mas nunca os apanha; escrever tussi atrás de tussi, pois tussi-tussi é a sua profissão. Da mesma maneira, todos aqueles atos são outras tantas profissões: enrolar e arrumador de esteiras, cozinheiro de frutos, lavador de malgas, pescados de peixes, colhedor de frutas. Só a profissão confere a cada um o direito de exercer uma atividade.

Assim se explica o fato de que a maior parte dos Papalaguis apenas sabe fazer o que constitui a sua profissão. O chefe de tribo mais importante não sabe prender a sua rede a uma trave, nem lavar a sua malga, isso apesar da grande sabedoria do seu espírito e da força do seu braço. Assim se explica também que aquele que sabe escrever tussis de toda a maneira e feito, não seja, de igual modo, capaz de conduzir uma canoa no lago, e vice-versa. Exercer uma profissão significa saber ou correr, ou saborear, ou cheirar, ou lutar, mas sempre e em qualquer caso saber fazer uma só e única coisa.

Este saber fazer apenas uma coisa é uma grande fraqueza e apresenta grandes perigos; pois qualquer pessoa pode, um dia, ver-se obrigada a atravessar a lagoa de canoa.

O Grande Espírito deu-nos mão para podermos apanhar os frutos das árvores e os bolbos de taro nos pântanos. Deu-nos mãos para protegermos o nosso corpo de nossos inimigos, para saborearmos as delícias da dança, do jogo e de todos os demais divertimentos, e não, decerto, para nos pormos só a construir cabanas, só a apanhar frutos ou só a desenterrar bolbos; antes, pelo contrário, para que elas estejam sempre ao nosso dispor e nos permitam defendermo-nos em quaisquer circunstâncias.

O Papalagui é incapaz de compreender isto. Para vermos quão falso é seu comportamento, complemente falso e contrário aos mandamentos do Grande Espírito, basta olharmos para os Brancos que, incapazes de correr, porque a sua profissão os impede de se mexerem, criam uma barriga igual à dos puaa (porcos); basta ver como são incapazes de levantar ou de lançar uma azagaia, por terem a mão demasiada habituada a segurar o osso que serve para escrever e estarem todo o tempo sentados à sombra para escrever tussis; basta ver como são incapazes de impor uma diretriz a um cavalo selvagem, só por estarem sempre a olhar para a estrelas ou a desenterrar as idéias da cabeça.

É raro que um Papalagui adulto saiba ainda dar cambalhotas ou fazer cabriolas como uma criança. Ao andar arrasta o corpo, como se houvesse alguma cousa a entravar-lhe os movimentos. Nega ele que isto seja uma fraqueza e pretende que correr, dar cambalhotas ou fazer cabriolas é contrário à dignidade de um indivíduo que se preze. Mas é uma explicação falsa, esta; na realidade, os seus ossos endureceram e tornaram-se rígidos e os músculos perderam toda a flexibilidade, pois a profissão deles os condenou ao sono e à morte. A profissão é, também ela, um aitu (demônio) que dá cabo da vida e promete belas coisas ao homem, ao mesmo tempo que lhe suga o sangue.

A profissão prejudica o Papalagui de outras maneiras ainda, revelando, também com isso, o seu caráter de aitu.

Que alegria não dá fazer uma cabana! Que alegria deitar as árvores abaixo, na floresta, transformá-la em barrotes, por os barrotes de pé, armar o teto pó cima e, depois de se prenderem bem os barrotes, as traves e todas as outras partes com fio de coco, cobrir finalmente o teto com folhas secas de cana do açúcar! Nem vale a pena falar na alegria que toda a aldeia sente durante a construção coletiva de uma cabana do chefe da aldeia: é uma grande festa, em que até mesmo as mulheres e crianças participam.

Vós diríeis agora se só alguns homens da aldeia tivessem o direito de ir à floresta abater as árvores e cortas os barrotes? E se esses não tivessem o direito de ajudar a por os barrotes de pé, porque a sua profissão é só abater árvores e cortá-las em barrotes? E se os que põem os barrotes de pé não tivessem o direito de cruzar as traves do teto, porque a sua profissão é só por os barrotes de pé? E se os que cruzam as traves do teto não tivessem o direito de ajudar a cobri-lo com folhas de cana de açúcar, porque a sua profissão é só cruzar as traves? Nem sequer poderiam ir todos à procura de seixos ao longo da praia, para revestir o chão, pois só teriam direito a fazê-lo os que tivessem tal profissão! E só os habitantes da cabana teriam o direito de festejar tal inauguração, e não todos aqueles que juntos a construíram!

Vejo que isto vos faz rir e tenho a certeza de que direis o mesmo que eu: "Se apenas temos o direito de fazer uma só coisa e não podemos participar em todos os trabalhos para os quais é necessária a força dos homens, não sentiremos nem metade do prazer, se é que chegamos mesmo a sentir algum!" Estou certo deque chamaríeis de louco a qualquer um que vos mandasse servir-vos das mãos para fazer um único trabalho, como se todos os outros membros do vosso corpo e os vossos sentidos estivessem doentes ou mortos.

É disso, precisamente, que provém a moléstia mais grave de todas quantas o Papalagui sofre. É agradável ir buscar água à ribeira uma ou várias vezes ao dia; mas quem tiver que ir buscá-la todos os dias e a todas as horas, desde o nascer ao por do sol, até as forças o abandonarem, quem vai e torna a ir, sem descanso, à ribeira, acaba por atirar, de raiva, o cântaro para bem longe, afim de libertar o corpo de tais cadeias. De fato, nada há de mais penoso para o homem do que fazer sempre a mesma coisa.

Ainda se os Papalaguis fossem, todos eles, buscar quotidianamente água à fonte, talvez chegassem a sentir algum prazer nisso. Mas não! Muitos há que passam a vida a levantar e a baixar a mão ou a empurrar um pau, numa casa suja sem sol, nem luz. O que fazem não lhes exige esforço, nem lhes dá prazer; no entanto, segundo a maneira de ver dos Papalaguis, não podem, de modo algum, deixar de levantar e baixar a mão, ou de carregar numa pedra, pois é isso que irá por em movimento ou regular uma máquina que faz, por exemplo, aros caiados, revestimentos para o peito, concha para os panos (roupas) ou qualquer coisa do gênero. Há menos palmeiras nas nossas ilhas do que europeus com rosto cor de cinza; e isso porque o seu trabalho não lhes causa qualquer prazer, devora toda a sua alegria e nem lhes dá um fruto ou uma folha, sequer, com que possam regozijar-se.

É por isso que os indivíduos de diferentes profissões se odeiam ferozmente uns aos outros. Há, no coração de todos eles, a modos como que um animal preso que se encabrita, sem nunca conseguir soltar-se. Ficam todos roídos de inveja e de ciúme ao compararem a sua profissão com a de todos; pois eles estabelecem uma diferença entre profissões nobres e profissões baixas, se bem que todas as profissões não passem, no fundo, de atividades parciais. Com efeito, o homem não é constituído unicamente por uma mão, por um pé ou por uma cabeça: ele é tudo isso ao mesmo tempo. Mão, pé, cabeça foram feitos para estarem juntos. Um ser humano saudável sente-se realmente feliz quando todas as partes do seu corpo vivemem harmonia com seus sentidos, e não quando apenas uma parte de seu corpo vive, e todas as outras estão mortas. Isso perturba, desespera e faz uma pessoa adoecer.

O Papalagui vive desvairado por causa de uma profissão que tem. É claro que não o quer reconhecer. E se ele ouvisse as minhas palavras, decerto me chamaria de doido, a mim que, dirá ele, pretendo emitir um juízo sem ter capacidade para o fazer, pois nunca tive qualquer profissão, nem trabalhei como um Europeu.

O Papalagui nunca conseguiu provar-nos por que razão será justo e razoável trabalhar mais que o necessário imposto pela vontade de Deus, que vem a ser: ter o suficiente para comer, um teto para nos abrigar, e prazer em participar nas festas, no largo da aldeia. É um trabalho que pode realmente parecer limitado, assim como a nossa vida muito pobre de profissões. Em contraparte, é sempre com alegria, e nunca acabrunhado que qualquer habitante destas inúmeras ilhas, qualquer irmão nosso, digno desse nome, faz o seu trabalho. Pois se assim não fosse, preferiria nada fazer. E é isso que nos diferencia dos Brancos. O Papalagui, quando fala do seu trabalho, suspira como se estivesse sob um fardo esmagador; os jovens de Samoa é a cantar que vão para os campos de taro, as jovens é a cantar que lavam os panos na água corrente da ribeira. O Grande Espírito não quer, de certeza, que nos tornemos cor de cinza por causa de uma profissão, que nos arrastemos como uma tartaruga ou rastejemos como um molusco do fundo do lago. Quer ver-nos, isto sim, firmes e altaneiros em tudo quanto fizermos, sem nunca perdermos a alegria do olhar e a agilidade dos membros.
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"O Papalagui" * Discursos de Tuiavvi, chefe de tribo de Tiavéa, nos mares do Sul. Edições Antígona, Lisboa, 1966

Capa do livro "O Papalagui"