Tuesday 7 April 2009

De interseção, pontos

Pontinhos de interseção aqui no good newsSempre, e de alguma maneira como se eu estivesse flutuando no ar, eu vi e vejo muito claramente a relação entre as pessoas como pontos de interseção entre diversos círculos.

Nós somos como camadas. Nós todos. Todos nós. Algumas camadas são diáfanas, algumas impermeáveis, outras, coloridas e ainda outras tantas, impermanentes. São muitas as camadas. A diversidade que as permeia, em compasso com o sopro da criação, beira a ancestralidade, o abissal.

Não vou negar que nesse éter flutuante de existências me divirto à vera assistindo aos amálgamas dos balões. Mais divertido ainda do que a formação dos amálgamas, é neles reconhecer as camadas que me são tão familiares em pessoas e situações e em tal sintonia que já não é mais possível determinar no ponto de suas interseções, qual ser que há, qual ser lá está.

Os pontos hão de ser fugazes, mutantes, incertos; e as interseções heróicas, persistentes, sinceras. Apresentam-se-nos como rastros de pistas mnemônicas deixadas por cientistas aflitos, em apaixonadas vertigens; sopros do vento sobre o mar que muda de nome (mas só de nome?); parênteses, centelhas, opróbios (sim, do Jorge), manifestações com ou sem flama, acolhimento, luta, destinação, camadas nossas e alheias, camadas desembestadas atirando-se umas sobre as outras, disponíveis para a escolha e para o amor.

Há que se cuidar dos pontos de interseção cujas camadas são frágeis e escassas, mas que empunham com força brutal e evidente a sua pulsão de existirem. Eles urgem e gritam, sábios e liláses, para que sejam reforçados, embandeirados, aclamados, explicitados, mostrados, reconhecidos e compartilhados; são os respiradouros da comunicação mais formidável que há de haver. Através deles (de interseção, os pontos) afáveis mensagem se engendram; a paz e o riso encontram delicado ancoradouro e os círculos enfim se fundem, completamente desnudos, puros, e exaustos de si mesmos.

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